Que percepções você tem da vida? Qual o seu olhar? Ela pode ser do jeito que você desejar.....

sábado, 29 de dezembro de 2012

Novo olhar

           Pensamos, diversas vezes, que nunca vamos superar certos momentos da vida. Complexos de inferioridade nos dão uma imagem tão distorcida de nós mesmos. Hoje, no momento religioso do meu banho, lembrei-me de detalhes do passado que tanto me incomodavam. Segue uma lista básica: Já tive complexo da minha barriga! Aos doze anos não sorria, pois uma voz interior me dizia ter um sorriso horrível. Já deixei de usar muitas saias, pois finas eram as minhas pernas, já passei pela fase que só usava preto, já detestei os cabelos do braço. Uma época detestava a testa, outra achava o pé grande e já fui excluída por roncar. Até não valorizei meus grandes olhos e cílios, já escondi minhas costelas altas e meus dentes amarelos de nascença. Já raspei os cabelos da nuca no zero, pois não sabia o que fazer com o volume e usava os cabelos presos, feito velha. Já chorei rios porque não ia ser a mulher alta que tanto sonhei e já roí as unhas.

Graças a Deus que nos dá amigos de verdade. Estes tem a capacidade de nos ver como somos e podem nos abrir os olhos para o melhor de nós. São verdadeiros anjos de cuidado e têm o poder de nos ajudar a viver, a crescer e a nos amar. Obrigada aos amigos que me ensinaram a amar meu sorriso, hoje eu o esbanjo nas melhores horas e as fotos o eternizam. Que mulheres têm a coragem de expor suas pernas sem medo? Hoje o colorido das roupas expressa minha alma e meus lindos pés dão passos firmes, caminhando ao lado de quem amo. Os cabelos dos braços estão lá, expondo minha autoaceitação, ainda que venham puxá-los insistentemente. Tenho unhas de fazer inveja e descobri que as baixinhas tem um poder incomparável. Durmo feliz ao lado do homem que me ama e, ainda que digam que tenham pseudocachos, eu os exponho livres, leves e soltos com o maior orgulho da mulher autêntica e única que sou. Passo meu rímel preto em excesso pra expressar o melhor olhar e digo a todos: vivam o melhor de vocês! Afinal, eu sei o melhor de mim, sei de onde vim (e olha que não foi fácil) e sei para onde vou! Acreditem! As crianças de hoje vão sobreviver ao bullyng, eu sobrevivi a cinco irmãos mais velhos! A maioria delas não tem um ou mais que um irmão e vivem um isolamento social que não lhes ensina a superar os dedos apontados dos outros.

São tantos detalhes do passado, mas nas pequenas coisas percebemos que tudo depende da nossa ótica. Perceba-se melhor, perceba melhor o seu mundo, renove o seu olhar. Uma vez cansada da universidade, me percebo num novo fôlego para um novo curso. Uma vez desacredita do amor, recebo o melhor presente de Deus, um super-marido que se supera no trato a cada dia. Certa vez medrosa de ser mãe, hoje desejo ardentemente essa dádiva! Uma vez cansada de tantos detalhes, me vejo submersa no carinho de pessoas que são o abraço do próprio Cristo. O importante é nunca desistir, pois é certo que a vida nos surpreende se estivermos dispostos a respirar fundo e seguir nossa trilha.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Regue suas flores

            A vida pode ser melhor do que projetamos. Aliás, é melhor do que percebemos. Talvez não fossem as expectativas, as projeções fantásticas elaboradas por nossas mentes sedentas, seríamos plenos. Frustramo-nos por esperar mais do que a vida pode nos oferecer. Choramos por não estarmos preparados para o curso inevitável no qual estamos inseridos. Não amadurecemos por teimosia, por querermos que tudo nos ocorra como o “planejado”. E o Grande Arquiteto deve então receber nossas ordens sobre como cuidar de nós. Muitas vezes nem merecemos tanto o que recebemos, ou desejamos mais do que nos doamos. Lembro que é dando que se recebe.

Na verdade, parece que nunca estamos satisfeitos com o que a vida nos presenteia. O jardim do vizinho sempre parece mais belo e verde. O dinheiro nunca é suficiente para satisfazer as mesquinharias do nosso íntimo. Choramos por não termos o que queremos e quando finalmente temos nos lamuriamos por ser pouco e queremos mais. Enquanto isso, o vizinho tem um jardim bonito não porque surgiu ali por geração espontânea, mas porque investe horas e horas do seu precioso tempo regando suas flores e sujando suas mãos na terra. Enquanto isso, pode-se encontrar famílias sorridentes em humildes barracos, sobrevivendo com apenas o mísero salário mínimo oferecido pelos exploradores que mantém regimes quase escravistas, mas ainda assim, estas famílias sabem dar valor aos pequenos detalhes desta vida que a fazem colorida.

A busca pelo contentamento traz leveza à alma pesada e paz ao coração cansado. Jesus oferece seu leve fardo não porque seria fácil trilhar a estrada do genuíno cristianismo, mas porque o preenchimento da alma se encontra no prazer de fazer o outro feliz, rasgando assim a couraça do egoísmo, vestindo o altruísmo e fazendo acontecer o amor, até as últimas consequências. E o Outro também cumpre nossos anseios a medidas que estes são coerentes com sua proposta de vida, de verdade, de bondade e pureza.

Há tempos não escuto essa palavra no meio eclesiástico. Talvez tenham rasgado do dicionário cristão a palavra contentamento e tenham escrito em seu lugar tantas outras baboseiras que estamos enojados de tanto ouvir. O desafio proposto requer mudança na prática de vida e nos relacionamentos estabelecidos. Por não ser fácil, necessitará de exercício diário, mas o que não dá mais é para continuarmos calados diante das injustiças ditas contra Aquele que pelo contentamento de nos ter pela eternidade, a Si mesmo se entregou.

domingo, 24 de junho de 2012

Barah

            GÊNESIS

            Sendo Deus, amou desde a eternidade. Sendo Um, havia comunhão plena entre Deus Pai, Seu Filho e Seu Espírito, uma vez que para amar, necessita-se do outro, existindo assim o indivíduo que expressa e o indivíduo que acolhe esse amor. A comunidade Divina amorosa e harmoniosa sempre foi, é e será. E o Eterno foi movido a extravasar essa existência maravilhosa e a expressar a magnitude da vida em amor.

“Façamos um lugar, onde a beleza da vida seja contemplada, onde a delicadeza das melodias seja percebida, onde as cores com suas variadas nuances sejam admiradas, onde se aprecie os prazeres de simplesmente viver, onde a diversidade seja livre para expressar sua individualidade, onde reine o nosso amor.”

Então, passou a existir o tempo, para dar início ao novo. Criaram os alicerces da matéria. Partículas mínimas, milhares de milhares delas, átomos. E num simples gesto, lançou sobre a matéria energia para desenvolver e gerar tudo quanto desejou e planejou. Ordenou também leis naturais para manter firme e inabalável sua maravilhosa criação. Leis que seriam para ela uma maneira de se auto-sustentar, de se complexar, selecionar e progredir. A complexidade é infinitamente incompreensível, por ser incompreensivelmente perfeita. E num agregado de átomos, de partículas, de matéria, de energia e de beleza, surge a vida. Inacreditavelmente simples, porém com um potencial ilimitado dado por Ele. E Deus sorri, pois vê que isso é bom. Da simplicidade à complexidade, a vida se desenvolve ao longo de eras e eras. Da igualdade à diversidade incontável ela progride sem limites e, assim, as criaturas foram submersas na infinitude de universo.

Há milhares de anos, então, se desenvolveu o que se pode chamar de homem primitivo. Instintivo, animal, selvagem. Derivado de criaturas que não apresentam raciocínio sobre o mundo que lhe cerca, nem percepção sobre as questões existenciais. Todos os vivos apenas sobrevivem, são levados por uma força natural que seleciona os aptos, determinada antes da fundação dos séculos. A este homem, Deus Pai, vê e o chama:
“Serás meu filho, pois sobre ti derramarei a minha vida e tu serás a minha imagem e semelhança. Escolho-te para repousar em ti meu Espírito. És escolhido para dominar com amor sobre tudo que também criei. Criei para você gozar do melhor da terra. Suas escolhas eu abençoarei, pois és como Eu, livre para viver e ser. Tudo que tenho é teu, pois confio em ti. Eu te gerei. E antes que tu penses que possas um dia estar longe de mim, lhe digo que tenho preparado antes da fundação dos séculos, Um que será pra ti justificação. Este será contigo ainda que tu não sejas comigo, pois tua liberdade implica em escolher o certo e o errado, o bem e o mal, pois te crio perfeitamente livre, sem algemas, sem domínio manipulador, sem rédeas. Livre para ir e vir. Escolho tua liberdade e Eu mesmo pago o preço da tua liberdade, pois te amando plenamente, tomo sobre mim tuas possíveis transgressões e todo o mal que tu te desviares a fazer e entrego meu Filho para pagar o preço de morte onde tu possivelmente errarás. Estarás conforme as leis eternas da justiça e da moral, porque dessa forma, te livro da culpa de ser livre.”

Deus viu que tudo isso era bom. Sorriu e descansou após a consolidação da sua criação, pois seu plano perfeito é.

...

Essa música foi a abertura do meu casamento, aqui interpretada pela Priscila Barreto e no dia pela linda Maurilene Barcelar. Como boa bióloga, não podia deixar de dar louvor ao nosso Criador.... O tema do casório: Jardim do Éden, onde Deus convida a todos para união do Beija-flor e sua Bella-Flor num fim de tarde....


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Tempo...

A base do relacionamento está no ato voluntário da entrega, tendo o eu aberto para o não pessoal e o sim alheio, onde a negação é cheia de riscos, tanto da humilhação quanto do sofrimento, tendo em vista o fruto, doce ou amargo, que é colhido do tempo.
Quanto ao tempo poderia discursar muitas palavras. O tempo escraviza a todos. Há tempo até para vida e morte, quando se pensava que estes também eram livres. São apenas cinco letrinhas, mas tem um poder próprio incrível. Quando criança, o tempo passa rápido e quando velho se nota sua ação modeladora sobre mente, corpo e alma. É tão longo para os impacientes! A pressa é inimiga do tempo, para os atrasados é aliado, mas acabo por ver como contrário. Contrário porque não tem reza que apresse o metódico tempo. Ele não é lento, nem rápido, tem apenas um ritmo autêntico, que, por vezes, me irritada. Não adianta adiantar o relógio, fazer correr o compassado “tic-tac”, ou até querer esquecê-lo, pois permanecerá intacto e superior o seu ritmo. Só os fortes têm o dom de andar de mãos dadas com ele, pois exige auto negação, domínio próprio e, o principal: paciência.
Relacionar-se com o tempo é para os sábios. Os tolos têm uma inquietude cheia de impulsividade que traz, muitas vezes, erros irreversíveis. Para isso, tem que ser dotado de um coração prudente e humilde e, assim, a ele se submete e compreende. Pois o tempo é praticamente intransigente. Não negocia, não se choca, nada lhe dói, nem lhe machuca, nem lhe alegra, por isso digo que é superior.
Isso significa se submeter a construção ou desconstrução irreversível da vida e compreender a necessidade das fases de aprendizagem, maturação, deserto, plantio, colheita. Entende porque o tempo é considerado intransigente? Porque ele é responsável pelo que nos tornamos, dia após dia. O tempo é mestre e tem nos ensinado, muitas vezes, duras lições que requerem de nós força para suportar.
 Os que com ele não querem andar de mãos dadas são os que menos o compreendem. Não enxergam sua força e domínio e se tornam perdidos no espaço, sendo então levados pela força como que de um rio, pelas fortes correntezas. Algumas pessoas se debatem, outras engolem água, outras se afogam, mas o rio nunca pára de correr e leva todas as coisas através de seu curso. Bom é nadar junto de um rio, ou ir sobre um confortável barco, assim, você entra em sintonia com suas águas, mas se não as compreende, corre o risco do sofrimento e até da morte.
Sei que Deus criou este forte rio. O Criados disse “Haja tempo” e se fez. O Superior do superior é seu grande Mestre e lhe tem aperfeiçoado e graças por isso. Todo esse domínio é refletido em nossas vidas e assim... Podemos nadar num doce leito mesmo em uma correnteza, com a confiança que, se necessário for, até mesmo sobre as águas Ele nos fará andar.
 E, então, antes do “até logo” daquele que me confiou não apenas seus genes, mas também seu amor, recebi como um sinal de que muito me falta amadurecer, um relógio. Foi seu último presente. De couro, com ponteiros em prata. Marca todos os meus segundos, todos os meus atrasos, marca a forma engessada que fora dada ao tempo, suas horas, segundos, dias. Não marca apenas o Kairós que ao homem, mero mortal, não cabe conhecer, o tempo de Deus. (10.05.2007)
Vejo esse sinal como alerta: “Aprenda a remir o tempo”
Recordo-me como sofri no tempo em que retornei para o calor do Pai. Aqueles meses distantes pareciam estar no lixo e tudo que queria era por em dia todo o atraso, todo tempo perdido. Pra todo serviço dizia “sim”. Era como se buscasse recompensar. Mas... Recompensar quem? A Deus? Ele não necessita, pois já é perfeito. Recompensar a mim? Não sei.

Linda música...agradeço a Deus que tem o seu tempo, seu jeito, seu reino....

sábado, 31 de março de 2012

Cinza

Fim de tarde, trânsito, agito urbano. O acolhimento da noite ou o recolher do sol pode muitas vezes sugerir o descansar de nossos corpos. Abandonado, sujo e entregue
às ruas, um homem prende minha atenção em meio ao lento trânsito em que me encontro.. Parado, olha ao redor e nada vê. Nada leva consigo,
senão uma pequena sacola com alguns pertences que lhe devem ter algum valor. Cuidadosamente, abre e estende no chão um pequeno pano vermelho. Não pude imaginar do que se tratava, mas curiosamente continuei a olhar.
E, vagarosamente, sem pressa, nem tendo o que esperar se deitou sobre seu pano
vermelho e se acomodou para mais uma noite de sono. Deitado, quieto permaneceu. Mas meus olhos, assim como os seus, percebiam algo mais naquela cena. Ao seu lado, se encontrava uma fina parede de vidro blindado. Tratava-se de uma bela loja e podíamos contemplar os mais confortáveis e luxuosos colchões que acomodariam homens do mais elevado
padrão social. Não consigo imaginar que pensamentos permeavam a mente do
maltrapilho que apenas possuía um velho e sujo pano vermelho, enquanto ao seu
lado e longe do seu alcance está o conforto do abraço de macios lençóis.
Que fina linha os separa. Não é seu o direito à uma boa noite de sono e sossego? Nada ele tinha, senão um simples acolhimento no duro chão, dura vida. Família, história, sonhos, dignidade, respeito, atenção. O que possuía? Quase nada este homem tem a perder. Sua vida? Talvez. Ou, subvida...
Meus olhos até hoje o podem contemplar, deitado, entregue à fria noite e ao abandono do seu solitário corpo.