Que percepções você tem da vida? Qual o seu olhar? Ela pode ser do jeito que você desejar.....

terça-feira, 4 de julho de 2017

Solos de morte

Solos de morte – 04/06/2017
                Um solo cheio de morte é um solo fértil para o novo de Deus em nossas vidas. Uma terra lavada e limpa é insípida, sem possibilidades de germinar boas sementes. Sem nutrientes, sem minerais, sem a orgânica que permite a vida. Uma terra que acolhe a morte de outras plantas, folhas secas, frutos caídos que apodrecem, animais que se entregam ao leito do sepultamento para se desmanchar em estruturas mais simples é uma terra de possibilidades. A morte do que foi vivo fertiliza o solo para o recomeço do ciclo da vida. A morte, a perda do antigo, o desfazer da vida é o que enche de possiblidades um solo antes fraco, mas agora com um potencial de vida imenso. Um solo forte é gerado após a morte da vida. Tantos insetos, bactérias, minhocas trabalharão para cooperar com o desmanche da vida. Quebram cada molécula.
Nossos sonhos podem se esvair diante de nós. Escorrer pelas mãos e tudo que vemos no chão são destroços do que antes tinha algum vigor e era desejável. Até mesmos nós nos vemos no chão, despedaçados, inúteis, quebrados e desconstruídos. Tantos podem cooperar como agentes de destruição perto de nós. E ficamos imobilizados diante de tamanha catástrofe. Estupefados, assustados e impotentes: a morte chegou. Sonhos desfeitos, histórias destroçadas, vidas destruídas. Tudo em decomposição.
Deus olha e vê um solo fértil para germinar sementes novas nessa história. Não é o fim. É o recomeço. Um novo ciclo se inicia. A terra está adubada e tem potencial para boas sementes. Deus prepara o solo. Minhocas, os instrumentos essenciais para o renovo, tão desprezadas, insistem em criar um canal de aeração para que a vida de novas raízes se estabeleçam e dessa vez de maneira profunda.
                O Senhor vem e manda a chuva da sua graça, que cai sobre justos e injustos, e o solo está preparado. O Agricultor da vida lança sua semente boa, perfeita e agradável. O ciclo da vida se reinicia.
Chore a morte. São lágrimas que regarão as sementes do seu futuro.
                E quando menos se espera, o grão germina. O broto desponta seu verde brilhante. Há esperança. O renovo está lançado. O tempo trará as flores. Flores nutridas no solo da morte. Flores exuberantes que a todos admira. Alguns não entenderão, mas o solo do sepultamento é o solo da beleza futura. Quem sabe da semente gere uma frondosa árvore com flores, mas também com frutos, doces frutos do Espírito de vida? Bons frutos atraem aves do céu, as acolhem e a vida vai se multiplicando. Mas como da morte colhemos doces frutos? É a orgânica da vida. A dor nutriu e possibilitou a geração do melhor em nós. Tudo se transforma na plasticidade da vida.  Árvore frondosa, plantada junto ao Ribeiro, no tempo certo, prosperará.