Em uma de nossas partilhas do grupo de apoio Celebrando a
recuperação, deveríamos falar sobre esperança, mas, inevitavelmente,
recordei-me de dias pesados e tristes. Deixe-me conta-los...
Por semanas um desejo persistiu na minha mente. Por tamanho
desespero, minha única vontade era sumir, caminhar até o túmulo de meu falecido
pai e lá me lançar e chorar. Como se fizesse dalí minha nova habitação. Morrer
sempre fora uma opção, mas não era opção matar, matar a mim mesma. Então, essa
lunática ideia de um túmulo de descanso, perto do meu pai a quem eu tanto me
assemelhava, seria o ponto final da triste história daqueles dias. Parecia que
assim me desligaria de todo ódio que me cercava. Deixaria para trás uma vida da
qual eu me envergonhava. Era tanta dor. Dor gerada por mim. Abandono. Amargura
e vazio.
Não me entreguei à loucura e fiz meu túmulo em minha cama.
Chorei todas as lágrimas. Lamentei todas as dores e descobri, finalmente, que
eu tenho um Pai vivo. Ele me abraçou e tudo que estava quebrado dentro de mim voltou
ao lugar. Ele me mostrou que às vezes perdemos, mas no final, Ele nos põe nos
ombros e nos chama mais que vencedores. Sabe aquele amor maior do mundo? Homem
algum pode jurar. Só Deus tem esse amor incondicional.
Por vezes, em meu leito de renascimento, acordei maravilhada
com a beleza da lua brilhando através da minha janela e ouvia ele me dizer que
era um presente para mim. Aquela luz enchia o quintal, entrava pela janela do
quarto e iluminava meu leito. Eu soube alí que não precisava de migalhas. Ele vinha
me presenteando com tamanha beleza. Outro dia, despertei com uma aurora cheia
da sua glória e seu resplendor novamente me visitou. Soube outra vez que me
amava e contemplei. Tantos presentes especiais. Novamente, pela janela do meu
quarto, então, me deparei com lindas flores e tive certeza: Deus me presenteou
com flores. C. S. Lewis chamaria isso de “encontros com a Alegria”. Não
precisamos esperar karentemente por presentes se não temos um homem ao nosso
lado. Entendi: Eu ganhei flores do meu grande amor e naquele dia eu me senti
honrada.
Chorar aos pés de um pai vivo me fez renascer. Ele tem me
dado mais do que mereço e eu posso sorrir, porque Ele me amou primeiro. Então,
se tenho que falar de esperança, lembro-me por onde caminhei e que Ele segurou
minha mão a cada passo.
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