Solos de morte – 04/06/2017
Um solo
cheio de morte é um solo fértil para o novo de Deus em nossas vidas. Uma terra
lavada e limpa é insípida, sem possibilidades de germinar boas sementes. Sem
nutrientes, sem minerais, sem a orgânica que permite a vida. Uma terra que
acolhe a morte de outras plantas, folhas secas, frutos caídos que apodrecem,
animais que se entregam ao leito do sepultamento para se desmanchar em
estruturas mais simples é uma terra de possibilidades. A morte do que foi vivo
fertiliza o solo para o recomeço do ciclo da vida. A morte, a perda do antigo,
o desfazer da vida é o que enche de possiblidades um solo antes fraco, mas
agora com um potencial de vida imenso. Um solo forte é gerado após a morte da
vida. Tantos insetos, bactérias, minhocas trabalharão para cooperar com o
desmanche da vida. Quebram cada molécula.
Nossos sonhos podem se esvair
diante de nós. Escorrer pelas mãos e tudo que vemos no chão são destroços do
que antes tinha algum vigor e era desejável. Até mesmos nós nos vemos no chão,
despedaçados, inúteis, quebrados e desconstruídos. Tantos podem cooperar como
agentes de destruição perto de nós. E ficamos imobilizados diante de tamanha
catástrofe. Estupefados, assustados e impotentes: a morte chegou. Sonhos
desfeitos, histórias destroçadas, vidas destruídas. Tudo em decomposição.
Deus olha e vê um solo fértil
para germinar sementes novas nessa história. Não é o fim. É o recomeço. Um novo
ciclo se inicia. A terra está adubada e tem potencial para boas sementes. Deus
prepara o solo. Minhocas, os instrumentos essenciais para o renovo, tão
desprezadas, insistem em criar um canal de aeração para que a vida de novas
raízes se estabeleçam e dessa vez de maneira profunda.
O Senhor
vem e manda a chuva da sua graça, que cai sobre justos e injustos, e o solo
está preparado. O Agricultor da vida lança sua semente boa, perfeita e
agradável. O ciclo da vida se reinicia.
Chore a morte. São lágrimas que
regarão as sementes do seu futuro.
E
quando menos se espera, o grão germina. O broto desponta seu verde brilhante.
Há esperança. O renovo está lançado. O tempo trará as flores. Flores nutridas
no solo da morte. Flores exuberantes que a todos admira. Alguns não entenderão,
mas o solo do sepultamento é o solo da beleza futura. Quem sabe da semente gere
uma frondosa árvore com flores, mas também com frutos, doces frutos do Espírito
de vida? Bons frutos atraem aves do céu, as acolhem e a vida vai se
multiplicando. Mas como da morte colhemos doces frutos? É a orgânica da vida. A
dor nutriu e possibilitou a geração do melhor em nós. Tudo se transforma na
plasticidade da vida. Árvore frondosa,
plantada junto ao Ribeiro, no tempo certo, prosperará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário