O desprezo é semelhante à morte do outro em você. Por vezes,
desprezamos as pessoas que mais se deram para nós, matamos aquele que um dia
amamos ou nos amou.
Já me disseram ser necessário o desprezo, para, enfim, conscientizar
o outro do seu devido lugar: DISTANTE.
Quando há desprezo mútuo a dor é menor, apesar da morte ser
pior. Mas quando há desprezo apenas por uma parte e a outra se torna
abandonada, há a insistência de matar quem ainda está vivo. É como afogar
alguém e olhar nos olhos do outro a vida se perder. Assassinato.
Desprezar é tornar indigno o outro de sua presença, mas sua
presença não é mais santificada ou digna que a deste ser. Na verdade, diante de
Deus fomos todos indignos, mas em Cristo, nossa dignidade é devolvida e ninguém
tem o direito de tirá-la.
Há quem ache que o desprezo e a distância curam, mas não é
verdade. Apenas o amor e o cuidado podem sarar uma alma desprezada e morta.
Me intriga a frieza, o orgulho e a rigidez de quem é capaz
de fazê-lo. Minha sensibilidade não
permite aceitar que tais atitudes sejam ofertadas a quem você amou o
profundamente olhou nos olhos.
Recomendo perdão aos desprezadores de mortos vivos e também
um novo começo para refrigério da alma.
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