“Se te fadigas com os que vão a
pé, como poderás competir com os que vão a cavalo?” Jeremias 12.5
Nossa relação, eu, Chronos e Kairós,
sempre conflituosa, como bem relatada há alguns anos, me deixa perplexa como se
diante do caminho que a água abre sobre rocha. Obviamente, longe de mim um relato
de profunda sabedoria e conselhos sensatos. Minha busca pelos louros da
centralidade minguou diante da “insatisfação geral da nação”. Minhas constatações
são expressas numa tentativa de expor à luz transformações e adaptações, para,
assim, conhecer a mim mesma e, sem máscaras, deixar-me ser conhecida. Afinal,
quem quer ser uma ilha, não é filha do Reino. Algumas palavras destituídas de
sentido aparente, podem se tornar enfadonhas, mas sinais e símbolos são
necessários diante da impossibilidade de explicações prévias. Nunca esgote o
outro. Alguns infinitos são maiores.
Diante de um fim de adolescência
tardia, com etapas queimadas, puladas, atropeladas, precisei de um tratamento
de “eletrochoque” para perceber rumos destrutivos de uma vida irresponsável,
apesar de um caminho reto aos meus olhos, mas que o fim era a morte.
Até os 25 anos eu achava que ainda
ia viver tudo que sonhei... aquela percepção adolescente que o tempo é uma
eternidade e o vigor é perpétuo. Aprender a nadar nessa idade nos enche de uma
energia positiva! Somos capazes!
Após os 26, pensei: tenho que
fazer ballet! Vi-me sem dinheiro e com tempo disponível, ou depois sem tempo,
apesar de ter alguns trocados... As prioridades nos impedem de desfrutar o que
pode tornar doce e leve o nosso dia.
Com 27 anos, percebi que existem
ciclos que iniciam e podem terminar... fogo que arde sem se ver. Eterno
enquanto dura, posto que é chama. Sim, ele apaga. Só o amor Ágape pode se
gloriar de que nem muitas águas podem lhe afogar. Nada é mais importante na
nossa vida que nós mesmos, nossa história, nossa família, nossos amigos, nossa
identidade... Não há coleira de dedo que faça juras de amor eterno se imortalizar.
Ninguém é obrigado a NADA! O que recebemos é dádiva! Então, Ame-se! Aí, quem
sabe, você consiga amar alguém de maneira decente.
Aos 28, entendi que há um tempo
que passa e NUNCA mais volta... e que bom que passa! E que nunca volte! Pois
dor que rumina e fermenta, apodrece! Superar a dor é olhar para cicatriz e ver
um troféu! Mas o tempo que não volta, leva embora também pessoas que você ama e
já não tem mais... Dias de sol na praia que nunca mais serão, dias de café no
fim da tarde, agora nostalgia... Almoços em família são memórias barulhentas e
felizes.
Aos 29, descobri que para viver
BEM, é preciso pouco, muito pouco, mas principalmente, é preciso coragem e boa
vontade! Não há como deixar as escolhas e possibilidades entregues ao acaso, de
maneira passiva e paciente e esperar se dar bem no final. Ser agente de autotransformação
requer humildade, requer paciência, requer alvo, pois sei que vou errar em
meios às tentativas. Preciso saber que minha plasticidade me permite juntar
meus cacos, meus trapos e me reinventar apesar de mim. E nessa caminhada,
preciso saber onde quero chegar. Porque posso me perder, me cansar, estacionar,
retroceder, mas sempre devo relembrar qual o meu ALVO. Daí, foco, fé e força,
tornam possível o que muitos consideraram um problema sem jeito, um problema
sem solução.
Esse aprender a viver bem é minha
prece diante do Mestre. Quando pensamos que não pode piorar nossa vida,
conseguimos cavar túmulos mais fundos para nós mesmos. Cansada de cavar cisternas
rotas, volto sempre ao Rio que flui do trono da graça, para beber da Fonte, a
fim de conhecer qual a rota para uma jornada que brilhe até ser dia perfeito...
Investir em si mesmo é, antes de
tudo, querer ser feliz.
Desfrute com qualidade sua vida,
mantenha focos e objetivos e nunca acredite na voz que quer lhe fazer
desistir...
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